Escritores no Arquivo do Museu Britânico

11th Janeiro 2024
BY HAY FESTIVAL| BY DIEGO ATEHORTÚA, MAGDALENA ARAUS SIEBER, LAURA OSORIO SUNNUCKS| BY SELVA ALMADA, RITA INDIANA, JOSEFA SANCHEZ, PHILIPPE SANDS, JUAN GABRIEL VAZQUEZ, GABRIELA WIENER| POSTED IN All Projects

Esta nova colaboração com o Hay Festival e seis escritores segue os rastros de papel que nos levam até a América Latina e o Caribe no Museu Britânico, por meio do acervo pouco conhecido de documentos etnográficos. A antologia Explorers, Dreamers and Thieves: Writers in the Archives of the British Museum (Exploradores, Sonhadores e Ladrões: Escritores no Arquivo do Museu Britânico, em português), será publicado em inglês e espanhol.

Seguindo o espírito do primeiro livro, Untold Microcosms, a segunda versão desta colaboração com o Hay Festival tem como objetivo explorar aspectos únicos das coleções de museus aos quais somente se pode chegar pelas fontes textual, a partir de uma perspectiva literária. Seis escritores foram convidados a trabalhar junto a um rico acervo documental relacionados às coleções da América Latina e do Caribe no Museu Britânico.  

Selva Almada (Argentina), Rita Indiana (República Dominicana), Josefa Sánchez (México), Philippe Sands (Inglaterra), Juan Gabriel Vásquez (Colômbia) e Gabriela Wiener (Peru) se debruçaram sobre um conjunto de documentos arquivísticos conhecidos como Eth-Docs, da abreviação de Documentos Etnográficos em inglês. Essa coleção bastante variada abrange desde cartas do início do século XIX entre curadores, funcionários das administrações coloniais e exploradores até esboços, desenhos, fotografias, mapas, recortes de jornais e relatórios datilografados relacionados a aquisições de acervos, expedições e escavações arqueológicas. Apesar de serem arquivos públicos, esses Eth-Docs permanecem, em sua maioria, inacessíveis ao público geral, sendo consultados principalmente por pesquisadores e especialistas.  

Cada escritor trabalhou junto aos curadores do SDCELAR para analisar um conjunto de Eth-Docs relacionado à América Latina e ao Caribe, criando narrativas literárias baseadas em eventos históricos, que dão visibilidade tanto ao documento como à região. Ao situar esses Eth-Docs no centro deste novo experimento criativo, pretendemos inspirar narrativas que se conectem com as tensões sociais, os contextos políticos e as percepções dos dias atuais. Acreditamos que essas narrativas têm o potencial de oferecer reinterpretações significativas das histórias dessas coleções de objetos, estabelecendo um diálogo com debates travados na atualidade. 

Sejam elas fictícias ou não, escritas em prosa ou verso, as histórias apresentadas na nova antologia Explorers, Dreamers and Thieves: Writers in the Archives of the British Museum (Escritores nos Arquivos do Museu Britânico) também expressam reflexões críticas e criativas sobre as limitações e as possibilidades dos arquivos documentais para entender e interpretar a vida social das coleções da América Latina e do Caribe do Museu e representar suas dimensões históricas, culturais e políticas.  

Publicações  

A nova antologia Explorers, Dreamers, and Thieves: Writers in the Archives of the British Museum   será publicado em inglês pela Charco Press e em espanhol pela Anagrama sob o título Exploradores, soñadores y ladrones: Escritores nos arquivos do Museu Britânico. Cada história é precedida por colagens criadas pelos curadores do SDCELAR. Com base nos Eth-Docs usados pelos seis escritores, essas composições visuais evocam a materialidade desses arquivos e seu amplo potencial para despertar a imaginação.  

A versão em espanhol da Anagrama será lançada no Hay Festival 2024, em Cartagena das Índias, na Colômbia, onde uma série de palestras e eventos abordará a experiência dos autores e curadores no trabalho desse experimento criativo no arquivo do Museu Britânico. Para mais informações, consulte o programa do Hay Festival Cartagena aqui.   

Colaboradores

Selva Almada 

Selva Almada © M. Cascallar

© M. Cascallar

(Entre Ríos, Argentina, 1973) Ao lado de nomes como Carson McCullers, William Faulkner, Flannery O’Connor e Juan Carlos Onetti, Selva Almada é considerada uma das vozes mais promissoras da literatura argentina e latino-americana contemporânea, bem como uma das intelectuais feministas mais influentes da região. Autora de vários romances, um livro de contos, um livro de ficção jornalística e um diário de cinema (escrito no set do filme Zama, de Lucrecia Martel). Almada foi finalista do Prêmio Medifé, do Prêmio Rodolfo Walsh e do Prêmio Tigre Juan. Not a River (vencedor do Prêmio IILA na Itália) é seu quarto livro a ser publicado em inglês, depois de sua estreia com The Wind that Lays Waste (vencedor do EIBF First Book Award 2019), Dead Girls (2020) e Brickmakers (2021, selecionado para o Warwick Prize for Women in Translation e o Valle Inclán Prize). 
Rita Indiana

Rita Indiana Hernández

© Creative Commons 3.0

(Santo Domingo, 1977). Nascida na República Dominicana e radicada em Porto Rico, a escritora, cantora e compositora Rita Indiana é uma figura importante na literatura caribenha contemporânea.  Seu segundo romance, Papi (Periférica, 2011), tornou-se um texto cult desde que suas primeiras linhas foram divulgadas: “Literatura de fluxo, leitura sincopada, fraseado de poesia de rua, cadência anfetamínica do merengue e um estranho sabor de poesia beat filtrada pelo realismo mágico” (Xavi Sancho, El País); “Rita Indiana constrói uma estrutura narrativa em Papi com a cadência do merengue e o olhar de uma garota solitária que poderia ser um híbrido de Cem Anos de Solidão e Miséria, e acaba se tornando um romance pop, homenageando a cultura popular não apenas latino-americana, mas também norte-americana” (Laura Fernández, El Mundo). Posteriormente, seus romances Nombres y animales (Periférica, 2013) e, principalmente, La mucama de Omicunlé (Periférica, 2015; Prêmio da Associação de Escritores do Caribe, 2017) a estabeleceram como uma das mais importantes escritoras latino-americanas contemporâneas.
Josefa Sánchez

Josefa Sánchez Contreras

 

(Povo Zoque de San Miguel Chimalapa, Oaxaca, 1991) Pesquisadora, ativista e ensaísta mexicana, Sánchez é doutoranda em Estudos Mesoamericanos e possui mestrado em Estudos Latino-Americanos na Universidade Nacional Autônoma do México e licenciatura em Sociologia pela Universidad Autónoma Metropolitana. Coautora do livro Colonialismo energético (Icaira, 2023), coordenadora do livro Cada vez más Mökayas, pensares y sentires de zoques contemporáneos (Ce-Acatl, 2022), seus ensaios e artigos podem ser lidos no The Washington Post em espanhol, La Ojarasca, La Jornada, Revista de la Universidad de México e EstePaís. Ela escreve sobre defesas territoriais, direitos indígenas, história de rebeliões e colonialismo. Em seu ativismo, ela faz parte do Coletivo Matza, formado por jovens Zoques, de onde contribui para a defesa dos rios da selva de Chimalapas contra megaprojetos extrativistas de mineração a céu aberto. Em seu trabalho acadêmico, ela é membro do Laboratorio Investigación Acción Territorial da Universidade de Granada, Espanha. 

Philippe Sands

Philippe Sands © Billie Charity

© Billie Charity

(Londres,1960) Escritor e advogado britânico e francês, Sands QC é professor de Direito na University College London e advogado na Matrix Chambers. Ele atua em vários tribunais internacionais, incluindo o Tribunal Penal Internacional e o Tribunal Internacional de Justiça. É autor de Lawless World (2005) e Torture Team (2008) e de vários livros acadêmicos sobre direito internacional, além de contribuir para a New York Review of Books, Vanity Fair, Financial Times e The Guardian. Seu último livro, East West Street: On the Origins of Crimes Against Humanity and Genocide, ganhou o Prêmio Baillie Gifford de 2016 (a tradução para o espanhol foi publicada pela Anagrama, em outubro de 2017). O livro vem acompanhado de um filme da BBC Storyville, My Nazi Legacy: What Our Fathers Did ((Meu legado nazista: O que nossos pais fizeram, em português). Ele é vice-presidente do Hay Festival e membro da diretoria do English PEN. 
Juan Gabriel Vásquez

Juan Gabriel Vásquez

 

(Bogotá, 1973) O escritor colombiano Juan Gabriel Vásquez é autor de dois livros de contos Los amantes de Todos los Santos e Canciones para el incendio (Prêmio Biblioteca de Narrativa Colombiana), além de seis romances: Os informantes, A história secreta de Costaguana, El ruido de las cosas al caer (Alfaguara 2011, Prêmio Grego von Rezzori-Città di Firenze 2013, IMPAC International Dublin Literary Award 2014), Reputations (Prêmio da Real Academia Espanhola 2014, Prêmio Casa da América Latina de Lisboa 2016), The Shape of Ruins (Prêmio Casino de Póvoa e finalista do Man Booker International Prize) e Retrospective (Prêmio Bienal Mario Vargas Llosa). Vásquez também publicou dois livros de ensaios literários, El arte de la distorsión e Viajes con un mapa blanco, uma coletânea de artigos políticos, Los desacuerdos de paz, e uma coletânea de poemas, Cuaderno de septiembre. Em 2012, recebeu o Prix Roger Caillois e ganhou duas vezes o Prêmio Nacional de Jornalismo Simón Bolívar. Ele traduziu obras de Joseph Conrad e Victor Hugo para o espanhol. Seus livros estão atualmente publicados em 30 idiomas. 

Gabriela Wiener

Gabriela Wiener © Daniel Mordzinski

© Daniel Mordzinski

 

(Lima, 1975) Gabriela Wiener é uma escritora e jornalista peruana radicada em Madri, autora de Sexografías, Nueve Lunas, Llamada perdida, Dicen de e o livro de poemas Ejercicios para el endurecimiento del espíritu. Seus textos aparecem em antologias nacionais e internacionais e foram traduzidos para o inglês, português, polonês, francês e italiano. Suas primeiras histórias foram publicadas na revista peruana de jornalismo narrativo Etiqueta Negra. Ela foi editora-chefe da revista Marie Claire na Espanha e colunista do New York Times em espanhol. Atualmente, Wiener escreve uma coluna para o eldiario.es e apresenta uma coluna de vídeo no lamula.pe. Ela ganhou o Prêmio Nacional de Jornalismo de seu país por uma reportagem investigativa sobre um caso de violência de gênero. Gabriela é a criadora de várias performances que encenou com sua família. Recentemente, escreveu e estrelou a peça “Qué locura enamorarme yo de ti”, dirigida por Mariana de Althaus. Seu livro mais recente é o romance Huaco retrato. 

 

FIQUE POR DENTRO >> PARA SABER MAIS SOBRE OS PROJETOS E ATIVIDADES DO SDCELAR, SIGA-NOS NO INSTAGRAM E FACEBOOK

Publications related to women’s and maternal health with Wixárika communities by the author of this exhibition

 

Gamlin, Jennie B. (2013)
Shame as a barrier to health seeking among indigenous Huichol migrant labourers: An interpretive approach of the “violence continuum” and “authoritative knowledge”
Social Science and Medicine 97 75-81

Gamlin, Jennie B. (2023)
Wixárika Practices of Medical Syncretism: An Ontological Proposal for Health in the Anthropocene
Medical Anthropology Theory 10 (2) 1-26

Gamlin, Jennie B. (2020)
“You see, we women, we can’t talk, we can’t have an opinion…”. The coloniality of gender and childbirth practices in Indigenous Wixárika families
Social Science and Medicine 252, 112912

Jennie Gamlin and David Osrin (2020)
Preventable infant deaths, lone births and lack of registration in Mexican indigenous communities: health care services and the afterlife of colonialism
Ethnicity and Health 25 (7)

Jennie Gamlin and Seth Holmes (2018)
Preventable perinatal deaths in indigenous Wixárika communities: an ethnographic study of pregnancy, childbirth and structural violence BMC
Pregnancy and Childbirth 18 (Article number 243) 2018

Gamlin, Jennie B. and Sarah J Hawkes (2015)
Pregnancy and birth in an Indigenous Huichol community: from structural violence to structural policy responses
Culture, health and sexuality 17 (1)

Publicaciones relacionadas a mujeres y salud materna con comunidades wixárika, por la autora de esta exhibición

Gamlin, Jennie B. (2013)
Shame as a barrier to health seeking among indigenous Huichol migrant labourers: An interpretive approach of the “violence continuum” and “authoritative knowledge”
Social Science and Medicine 97 75-81

Gamlin, Jennie B. (2023)
Wixárika Practices of Medical Syncretism: An Ontological Proposal for Health in the Anthropocene
Medical Anthropology Theory 10 (2) 1-26

Gamlin, Jennie B. (2020)
“You see, we women, we can’t talk, we can’t have an opinion…”. The coloniality of gender and childbirth practices in Indigenous Wixárika families
Social Science and Medicine 252, 112912

Jennie Gamlin and David Osrin (2020)
Preventable infant deaths, lone births and lack of registration in Mexican indigenous communities: health care services and the afterlife of colonialism
Ethnicity and Health 25 (7)

Jennie Gamlin and Seth Holmes (2018)
Preventable perinatal deaths in indigenous Wixárika communities: an ethnographic study of pregnancy, childbirth and structural violence BMC
Pregnancy and Childbirth 18 (Article number 243) 2018

Gamlin, Jennie B. and Sarah J Hawkes (2015)
Pregnancy and birth in an Indigenous Huichol community: from structural violence to structural policy responses
Culture, health and sexuality 17 (1)

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
WhatsApp
Email