Seguindo o espírito do primeiro livro, Untold Microcosms, a segunda versão desta colaboração com o Hay Festival tem como objetivo explorar aspectos únicos das coleções de museus aos quais somente se pode chegar pelas fontes textual, a partir de uma perspectiva literária. Seis escritores foram convidados a trabalhar junto a um rico acervo documental relacionados às coleções da América Latina e do Caribe no Museu Britânico.
Selva Almada (Argentina), Rita Indiana (República Dominicana), Josefa Sánchez (México), Philippe Sands (Inglaterra), Juan Gabriel Vásquez (Colômbia) e Gabriela Wiener (Peru) se debruçaram sobre um conjunto de documentos arquivísticos conhecidos como Eth-Docs, da abreviação de Documentos Etnográficos em inglês. Essa coleção bastante variada abrange desde cartas do início do século XIX entre curadores, funcionários das administrações coloniais e exploradores até esboços, desenhos, fotografias, mapas, recortes de jornais e relatórios datilografados relacionados a aquisições de acervos, expedições e escavações arqueológicas. Apesar de serem arquivos públicos, esses Eth-Docs permanecem, em sua maioria, inacessíveis ao público geral, sendo consultados principalmente por pesquisadores e especialistas.
Publicações
A nova antologia Explorers, Dreamers, and Thieves: Writers in the Archives of the British Museum será publicado em inglês pela Charco Press e em espanhol pela Anagrama sob o título Exploradores, soñadores y ladrones: Escritores nos arquivos do Museu Britânico. Cada história é precedida por colagens criadas pelos curadores do SDCELAR. Com base nos Eth-Docs usados pelos seis escritores, essas composições visuais evocam a materialidade desses arquivos e seu amplo potencial para despertar a imaginação.
A versão em espanhol da Anagrama será lançada no Hay Festival 2024, em Cartagena das Índias, na Colômbia, onde uma série de palestras e eventos abordará a experiência dos autores e curadores no trabalho desse experimento criativo no arquivo do Museu Britânico. Para mais informações, consulte o programa do Hay Festival Cartagena aqui.
Colaboradores
Selva Almada | (Entre Ríos, Argentina, 1973) Ao lado de nomes como Carson McCullers, William Faulkner, Flannery O’Connor e Juan Carlos Onetti, Selva Almada é considerada uma das vozes mais promissoras da literatura argentina e latino-americana contemporânea, bem como uma das intelectuais feministas mais influentes da região. Autora de vários romances, um livro de contos, um livro de ficção jornalística e um diário de cinema (escrito no set do filme Zama, de Lucrecia Martel). Almada foi finalista do Prêmio Medifé, do Prêmio Rodolfo Walsh e do Prêmio Tigre Juan. Not a River (vencedor do Prêmio IILA na Itália) é seu quarto livro a ser publicado em inglês, depois de sua estreia com The Wind that Lays Waste (vencedor do EIBF First Book Award 2019), Dead Girls (2020) e Brickmakers (2021, selecionado para o Warwick Prize for Women in Translation e o Valle Inclán Prize). |
Rita Indiana | (Santo Domingo, 1977). Nascida na República Dominicana e radicada em Porto Rico, a escritora, cantora e compositora Rita Indiana é uma figura importante na literatura caribenha contemporânea. Seu segundo romance, Papi (Periférica, 2011), tornou-se um texto cult desde que suas primeiras linhas foram divulgadas: “Literatura de fluxo, leitura sincopada, fraseado de poesia de rua, cadência anfetamínica do merengue e um estranho sabor de poesia beat filtrada pelo realismo mágico” (Xavi Sancho, El País); “Rita Indiana constrói uma estrutura narrativa em Papi com a cadência do merengue e o olhar de uma garota solitária que poderia ser um híbrido de Cem Anos de Solidão e Miséria, e acaba se tornando um romance pop, homenageando a cultura popular não apenas latino-americana, mas também norte-americana” (Laura Fernández, El Mundo). Posteriormente, seus romances Nombres y animales (Periférica, 2013) e, principalmente, La mucama de Omicunlé (Periférica, 2015; Prêmio da Associação de Escritores do Caribe, 2017) a estabeleceram como uma das mais importantes escritoras latino-americanas contemporâneas. |
Josefa Sánchez |
(Povo Zoque de San Miguel Chimalapa, Oaxaca, 1991) Pesquisadora, ativista e ensaísta mexicana, Sánchez é doutoranda em Estudos Mesoamericanos e possui mestrado em Estudos Latino-Americanos na Universidade Nacional Autônoma do México e licenciatura em Sociologia pela Universidad Autónoma Metropolitana. Coautora do livro Colonialismo energético (Icaira, 2023), coordenadora do livro Cada vez más Mökayas, pensares y sentires de zoques contemporáneos (Ce-Acatl, 2022), seus ensaios e artigos podem ser lidos no The Washington Post em espanhol, La Ojarasca, La Jornada, Revista de la Universidad de México e EstePaís. Ela escreve sobre defesas territoriais, direitos indígenas, história de rebeliões e colonialismo. Em seu ativismo, ela faz parte do Coletivo Matza, formado por jovens Zoques, de onde contribui para a defesa dos rios da selva de Chimalapas contra megaprojetos extrativistas de mineração a céu aberto. Em seu trabalho acadêmico, ela é membro do Laboratorio Investigación Acción Territorial da Universidade de Granada, Espanha. |
Philippe Sands | (Londres,1960) Escritor e advogado britânico e francês, Sands QC é professor de Direito na University College London e advogado na Matrix Chambers. Ele atua em vários tribunais internacionais, incluindo o Tribunal Penal Internacional e o Tribunal Internacional de Justiça. É autor de Lawless World (2005) e Torture Team (2008) e de vários livros acadêmicos sobre direito internacional, além de contribuir para a New York Review of Books, Vanity Fair, Financial Times e The Guardian. Seu último livro, East West Street: On the Origins of Crimes Against Humanity and Genocide, ganhou o Prêmio Baillie Gifford de 2016 (a tradução para o espanhol foi publicada pela Anagrama, em outubro de 2017). O livro vem acompanhado de um filme da BBC Storyville, My Nazi Legacy: What Our Fathers Did ((Meu legado nazista: O que nossos pais fizeram, em português). Ele é vice-presidente do Hay Festival e membro da diretoria do English PEN. |
Juan Gabriel Vásquez |
(Bogotá, 1973) O escritor colombiano Juan Gabriel Vásquez é autor de dois livros de contos Los amantes de Todos los Santos e Canciones para el incendio (Prêmio Biblioteca de Narrativa Colombiana), além de seis romances: Os informantes, A história secreta de Costaguana, El ruido de las cosas al caer (Alfaguara 2011, Prêmio Grego von Rezzori-Città di Firenze 2013, IMPAC International Dublin Literary Award 2014), Reputations (Prêmio da Real Academia Espanhola 2014, Prêmio Casa da América Latina de Lisboa 2016), The Shape of Ruins (Prêmio Casino de Póvoa e finalista do Man Booker International Prize) e Retrospective (Prêmio Bienal Mario Vargas Llosa). Vásquez também publicou dois livros de ensaios literários, El arte de la distorsión e Viajes con un mapa blanco, uma coletânea de artigos políticos, Los desacuerdos de paz, e uma coletânea de poemas, Cuaderno de septiembre. Em 2012, recebeu o Prix Roger Caillois e ganhou duas vezes o Prêmio Nacional de Jornalismo Simón Bolívar. Ele traduziu obras de Joseph Conrad e Victor Hugo para o espanhol. Seus livros estão atualmente publicados em 30 idiomas. |
Gabriela Wiener |
(Lima, 1975) Gabriela Wiener é uma escritora e jornalista peruana radicada em Madri, autora de Sexografías, Nueve Lunas, Llamada perdida, Dicen de mí e o livro de poemas Ejercicios para el endurecimiento del espíritu. Seus textos aparecem em antologias nacionais e internacionais e foram traduzidos para o inglês, português, polonês, francês e italiano. Suas primeiras histórias foram publicadas na revista peruana de jornalismo narrativo Etiqueta Negra. Ela foi editora-chefe da revista Marie Claire na Espanha e colunista do New York Times em espanhol. Atualmente, Wiener escreve uma coluna para o eldiario.es e apresenta uma coluna de vídeo no lamula.pe. Ela ganhou o Prêmio Nacional de Jornalismo de seu país por uma reportagem investigativa sobre um caso de violência de gênero. Gabriela é a criadora de várias performances que encenou com sua família. Recentemente, escreveu e estrelou a peça “Qué locura enamorarme yo de ti”, dirigida por Mariana de Althaus. Seu livro mais recente é o romance Huaco retrato. |