Ateliê-Lavrado: Uma residência Wapichana
Os Wapichana são um povo amazônico de língua Arawak do norte do Brasil e do sul da Guiana. A colonização da Guiana Inglesa (1831-1966) separou as comunidades Wapichana de suas terras e rios por meio de fronteiras de língua inglesa e portuguesa. Ao serem os primeiros integrantes da etnia Wapichana a visitar a coleção Wapichana do Museu Britânico, Gustavo Caboco e Roseane Cadete desenvolveram uma prática colaborativa e multimodal de arte+comunidade voltado para o acervo museal, que buscou remendar o impacto provocado pela desterritorialização e, ao mesmo tempo, tecer vias de conexão e retorno.
A coleção Wapichana do Museu Britânico reúne mais de cem objetos catalogados como “Wapishana” ou “Wapisiana”. A maioria desses itens foi trazida pelo dono de plantation e piloto britânico, Lionel Hector Tracey (L. H. T.) Ashburner, que viveu na Guiana Inglesa durante as décadas de 1920 e 1930, e em menor medida, relacionam-se à expedição de Robert Hermann Schomburgk para o mapeamento da região da Guiana Inglesa durante a primeira metade do século XIX, que daria lugar à separação de comunidades Wapichana. A coleção inclui instrumentos de tecelagem, como fusos, fios e agulhas de algodão, saias de miçangas, cestaria, bem como chocalhos, flechas e materiais orgânicos como sementes, fios de algodão e dentes de animais. Durante sua residência em Londres, Gustavo e Roseane também consultaram o arquivo do Museu Britânico, incluindo correspondências entre Ashburner e curadores, descrições do povo Wapichana e um glossário acompanhado de uma tradução em inglês.
The Wapichana collection comprises spinning and weaving tools such as spindles, bobbins and needles, beaded aprons, basketry made from local vegetal fibres, alongside rattles, arrows and other organic materials like seeds, cotton threads, and animal teeth. As part of their residency in London, Gustavo and Roseane also accessed historical documentation, such as correspondence between Ashburner and curators, descriptions of Wapichana people, and a typewritten glossary of Wapichana language with English translations.
© Fideicomissários do Museu Britânico
A residência e projeto do Ateliê-Lavrado começaram com oficinas comunitárias junto aos Wapichana no estado amazônico de Roraima, no norte do Brasil, voltadas para elementos da coleção Wapichana do Museu Britânico, e logo, continuaram com uma visita conjunta a Londres e Oxford, na Inglaterra. Canalizando o potencial multissensorial e polissêmico do algodão e das práticas e ferramentas Wapichana relacionadas à tecelagem manual do algodão em fios, nós, panos e outros tipos de entrelaçamentos, o Ateliê-Lavrado deu lugar a uma série de práticas artísticas colaborativas, oficinas e discussões públicas que destacaram o significado histórico de sua residência para reconectar o patrimônio material e imaterial Wapichana com as comunidades vivas.
Começando pelo município de Cantá, a aproximadamente 25 quilômetros de Boa Vista, capital de Roraima, Gustavo e Roseane realizaram oficinas com famílias e comunidades que se estenderam de três a seis dias.
Essas oficinas, que exploram a diversidade de relações e histórias do povo Wapichana tecidas em torno do fio, da linha e da costura, proporcionaram espaços para reflexão e criação, informando a posterior visita de Gustavo e Roseane a Londres desde uma perspectiva crítica.
Ao se referir ao algodão, Caboco afirma: “Essa flor tem nos convocado a repensar nossos abismos de relações entre mundos familiares, comunidades e de repensar nosso tempo”.
Durante sua visita ao Reino Unido em junho e julho de 2023, Gustavo e Roseane se debruçaram sobre os arquivos e peças atribuídas aos Wapichana na coleção do Museu Britânico. Em estreita colaboração com a pesquisadora e colaboradora do SDCELAR, Jamille Pinheiro Dias (Diretora do Centro de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos da Escola de Estudos Avançados da Universidade de Londres), e os curadores do SDCELAR Magdalena Araus Sieber e Diego Atehortúa, eles também realizaram pesquisas sobre documentos e materiais Wapichana na coleção do Museu Pitt Rivers em Oxford, datados de 1907. Seu encontro e experiência junto às coleções museológicas foram documentadas por Gustavo e Roseane e inspiraram intervenções artísticas a partir de diferentes formas de representação.
Ouça Gustavo e Roseane cantando uma música Wapichana durante sua visita à coleção do Pitt Rivers Museum em Oxford.
Outra atividade que fez parte da residência Wapichana Ateliê-Lavrado de Gustavo e Roseane foi a palestra Strengthening Threads, Opening Paths for Museum-Community Healing? (“Fortalecendo os fios, abrindo caminhos para a cura entre o museu e a comunidade?”, em português), realizada no Museu Britânico em 26 de junho de 2023. Em colaboração com Pinheiro Dias, o evento contou com apresentações e comoventes performances de Caboco e Cadete, que refletiram sobre o significado de se encontrar e se conectar com a coleção Wapichana do Museu. O evento atraiu um grande público, que pôde apreciar de perto como a residência e projeto do Ateliê-Lavrado logrou transformar e expandir o significado dos objetos da coleção Wapichana para além de meros artefatos etnográficos, congelados em um passado remoto.
Foto: Lucia Sa, Magdalena Araus Sieber, Ana Didonet, Roseane Cadete, Jamille Pinheiro Dias, Francesca Laura Cavallo, Diego Atehortúa, Gustavo Caboco
A visita de Caboco e Cadete à coleção Wapichana do Museu Britânico estimulou a reflexão e sensibilização simbólica em torno do algodão e dos processos relacionados de tecelagem e do tear que são necessariamente colaborativos e pedagógicos. Graças a uma parceria do SDCELAR com o Departamento de Aprendizagem e Parcerias Nacionais do Museu Britânico, com Francesca Cavallo, da Brazil Footprint, e professores de uma escola primária no leste de Londres, Gustavo conduziu uma oficina de tecelagem voltada para um grupo de docentes e discentes do 4º ano no Clore Centre for Education, no Museu Britânico, ecoando as práticas pedagógicas e aprendizagens do Ateliê-Lavrado em Roraima, Brasil.
Fotos: © Brazil Footprint
A oficina de tecelagem do Ateliê-lavrado não só é colaborativa, mas também itinerante. Ela se forma e se adapta ao seu espaço e contexto, seja em Roraima, no Brasil, no armazém que abriga a coleção do Museu ou em uma escola em Londres. Por meio das práticas conectoras da costura, fiação e tecelagem do algodão, o ateliê possibilitou uma conexão entre comunidades Wapichana e o acervo museal, materializando-se na organização de oficinas de tecelagem no Brasil e no Reino Unido, na pesquisa e interpretação das coleções Wapichana em Londres e Oxford, bem como na criação de uma obra artística e na difusão de toda a experiência em palestra ministrada no Museu Britânico. Além de contribuir com o registro e documentação das peças nos catálogos dos museus, o Ateliê-Lavrado de Caboco e Cadete significou um momento crítico para a abertura de novos caminhos e processos de cura entre e dentro das comunidades e dos museus, assim como uma oportunidade para se repensar e remendar as relações com instituições como o Museu Britânico.
Gustavo Caboco é um artista visual Wapichana do Brasil que trabalha na rede Paraná-Roraima e nos caminhos de retorno à terra. Sua produção com desenho-documento, pintura, texto, bordado, animação e performance propõe formas de refletir sobre os deslocamentos de corpos indígenas e sobre a produção e retomada da memória. Caboco participou da 34ª Bienal de São Paulo (2021) e foi selecionado como um dos principais curadores do pavilhão Hãhãwpuá representando Brasil na 60ª Bienal de Veneza (2024). Foto: © Naine Terena, 2023
Roseane Cadete é historiadora e educadora do povo Wapichana, com atuação no ecossistema de savana de Roraima denominado lavrado, na região amazônica. Com especialização em História da Amazônia pela Universidade Estadual de Roraima (UERR) e mestrado em Sociedade e Estudos de Fronteira pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), Roseane é apaixonada por contar as histórias dos Wapichana por meio da arte. Sua dedicação à educação, à pesquisa, à história e à arte é testemunho de seu compromisso com a cultura, o conhecimento e a narração de histórias Wapichana, bem como de seu empenho em conectar narrativas do passado e do presente. Para além do âmbito acadêmico, Roseane participou de diversas colaborações artísticas, incluindo "Corpo Território Memória Ancestral", a 34ª Bienal de Arte de São Paulo, Extensão Wapichana, e o filme e instalação "Somos Fronteiras Vivas", como parte da exposição Atos de Revolta no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Foto: © Wanderson Wapixana, 2021
Jamille Pinheiro Dias é diretora e professora do Centro de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos (CLACS) da Escola de Estudos Avançados da Universidade de Londres. Além disso, ela é membro afiliado do corpo docente do Amazon Lab do Franklin Humanities Institute na Universidade Duke nos Estados Unidos, onde anteriormente recebeu uma bolsa de pesquisa von der Heyden. Suas linhas de pesquisa envolvem questões ambientais, produção cultural amazônica, artes indígenas e estudos de tradução na América Latina, com foco no Brasil.
Os Wapichana são um povo amazônico de língua Arawak do norte do Brasil e do sul da Guiana. A colonização da Guiana Inglesa (1831-1966) separou as comunidades Wapichana de suas terras e rios por meio de fronteiras de língua inglesa e portuguesa. Ao serem os primeiros integrantes da etnia Wapichana a visitar a coleção Wapichana do Museu Britânico, Gustavo Caboco e Roseane Cadete desenvolveram uma prática colaborativa e multimodal de arte+comunidade voltado para o acervo museal, que buscou remendar o impacto provocado pela desterritorialização e, ao mesmo tempo, tecer vias de conexão e retorno.
A coleção Wapichana do Museu Britânico reúne mais de cem objetos catalogados como “Wapishana” ou “Wapisiana”. A maioria desses itens foi trazida pelo dono de plantation e piloto britânico, Lionel Hector Tracey (L. H. T.) Ashburner, que viveu na Guiana Inglesa durante as décadas de 1920 e 1930, e em menor medida, relacionam-se à expedição de Robert Hermann Schomburgk para o mapeamento da região da Guiana Inglesa durante a primeira metade do século XIX, que daria lugar à separação de comunidades Wapichana. A coleção inclui instrumentos de tecelagem, como fusos, fios e agulhas de algodão, saias de miçangas, cestaria, bem como chocalhos, flechas e materiais orgânicos como sementes, fios de algodão e dentes de animais. Durante sua residência em Londres, Gustavo e Roseane também consultaram o arquivo do Museu Britânico, incluindo correspondências entre Ashburner e curadores, descrições do povo Wapichana e um glossário acompanhado de uma tradução em inglês.
A residência e projeto do Ateliê-Lavrado começaram com oficinas comunitárias junto aos Wapichana no estado amazônico de Roraima, no norte do Brasil, voltadas para elementos da coleção Wapichana do Museu Britânico, e logo, continuaram com uma visita conjunta a Londres e Oxford, na Inglaterra. Canalizando o potencial multissensorial e polissêmico do algodão e das práticas e ferramentas Wapichana relacionadas à tecelagem manual do algodão em fios, nós, panos e outros tipos de entrelaçamentos, o Ateliê-Lavrado deu lugar a uma série de práticas artísticas colaborativas, oficinas e discussões públicas que destacaram o significado histórico de sua residência para reconectar o patrimônio material e imaterial Wapichana com as comunidades vivas.
Começando pelo município de Cantá, a aproximadamente 25 quilômetros de Boa Vista, capital de Roraima, Gustavo e Roseane realizaram oficinas com famílias e comunidades que se estenderam de três a seis dias. Essas oficinas, que exploram a diversidade de relações e histórias do povo Wapichana tecidas em torno do fio, da linha e da costura, proporcionaram espaços para reflexão e criação, informando a posterior visita de Gustavo e Roseane a Londres desde uma perspectiva crítica.
Outra atividade que fez parte da residência Wapichana Ateliê-Lavrado de Gustavo e Roseane foi a palestra Strengthening Threads, Opening Paths for Museum-Community Healing? (“Fortalecendo os fios, abrindo caminhos para a cura entre o museu e a comunidade?”, em português), realizada no Museu Britânico em 26 de junho de 2023. Em colaboração com Pinheiro Dias, o evento contou com apresentações e comoventes performances de Caboco e Cadete, que refletiram sobre o significado de se encontrar e se conectar com a coleção Wapichana do Museu. O evento atraiu um grande público, que pôde apreciar de perto como a residência e projeto do Ateliê-Lavrado logrou transformar e expandir o significado dos objetos da coleção Wapichana para além de meros artefatos etnográficos, congelados em um passado remoto.
Gustavo e Roseane cantando durante sua visita à coleção do Museu Pitt Rivers em Oxford.
Outra atividade que fez parte da residência Wapichana Ateliê-Lavrado de Gustavo e Roseane foi a palestra Strengthening Threads, Opening Paths for Museum-Community Healing? (“Fortalecendo os fios, abrindo caminhos para a cura entre o museu e a comunidade?”, em português), realizada no Museu Britânico em 26 de junho de 2023. Em colaboração com Pinheiro Dias, o evento contou com apresentações e comoventes performances de Caboco e Cadete, que refletiram sobre o significado de se encontrar e se conectar com a coleção Wapichana do Museu. O evento atraiu um grande público, que pôde apreciar de perto como a residência e projeto do Ateliê-Lavrado logrou transformar e expandir o significado dos objetos da coleção Wapichana para além de meros artefatos etnográficos, congelados em um passado remoto.
SAIBA MAIS >> LEIA O DISCURSO DE ROSEANE CADETE AQUI
A visita de Caboco e Cadete à coleção Wapichana do Museu Britânico estimulou a reflexão e sensibilização simbólica em torno do algodão e dos processos relacionados de tecelagem e do tear que são necessariamente colaborativos e pedagógicos. Graças a uma parceria do SDCELAR com o Departamento de Aprendizagem e Parcerias Nacionais do Museu Britânico, com Francesca Cavallo, da Brazil Footprint, e professores de uma escola primária no leste de Londres, Gustavo conduziu uma oficina de tecelagem voltada para um grupo de docentes e discentes do 4º ano no Clore Centre for Education, no Museu Britânico, ecoando as práticas pedagógicas e aprendizagens do Ateliê-Lavrado em Roraima, Brasil.
A oficina de tecelagem do Ateliê-lavrado não só é colaborativa, mas também itinerante. Ela se forma e se adapta ao seu espaço e contexto, seja em Roraima, no Brasil, no armazém que abriga a coleção do Museu ou em uma escola em Londres. Por meio das práticas conectoras da costura, fiação e tecelagem do algodão, o ateliê possibilitou uma conexão entre comunidades Wapichana e o acervo museal, materializando-se na organização de oficinas de tecelagem no Brasil e no Reino Unido, na pesquisa e interpretação das coleções Wapichana em Londres e Oxford, bem como na criação de uma obra artística e na difusão de toda a experiência em palestra ministrada no Museu Britânico. Além de contribuir com o registro e documentação das peças nos catálogos dos museus, o Ateliê-Lavrado de Caboco e Cadete significou um momento crítico para a abertura de novos caminhos e processos de cura entre e dentro das comunidades e dos museus, assim como uma oportunidade para se repensar e remendar as relações com instituições como o Museu Britânico.
Gustavo Caboco é um artista visual Wapichana do Brasil que trabalha na rede Paraná-Roraima e nos caminhos de retorno à terra. Sua produção com desenho-documento, pintura, texto, bordado, animação e performance propõe formas de refletir sobre os deslocamentos de corpos indígenas e sobre a produção e retomada da memória. Caboco participou da 34ª Bienal de São Paulo (2021) e foi selecionado como um dos principais curadores do pavilhão brasileiro para a Bienal de Veneza 2024. Foto: © Naine Terena, 2023
Roseane Cadete é historiadora e educadora do povo Wapichana, com atuação no ecossistema de savana de Roraima denominado lavrado, na região amazônica. Com especialização em História da Amazônia pela Universidade Estadual de Roraima (UERR) e mestrado em Sociedade e Estudos de Fronteira pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), Roseane é apaixonada por contar as histórias dos Wapichana por meio da arte. Sua dedicação à educação, à pesquisa, à história e à arte é testemunho de seu compromisso com a cultura, o conhecimento e a narração de histórias Wapichana, bem como de seu empenho em conectar narrativas do passado e do presente. Para além do âmbito acadêmico, Roseane participou de diversas colaborações artísticas, incluindo "Corpo Território Memória Ancestral", a 34ª Bienal de Arte de São Paulo, Extensão Wapichana, e o filme e instalação "Somos Fronteiras Vivas", como parte da exposição Atos de Revolta no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Foto: © Wanderson Wapixana, 2021
Jamille Pinheiro Dias é diretora e professora do Centro de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos (CLACS) da Escola de Estudos Avançados da Universidade de Londres. Além disso, ela é membro afiliado do corpo docente do Amazon Lab do Franklin Humanities Institute na Universidade Duke nos Estados Unidos, onde anteriormente recebeu uma bolsa de pesquisa von der Heyden. Suas linhas de pesquisa envolvem questões ambientais, produção cultural amazônica, artes indígenas e estudos de tradução na América Latina, com foco no Brasil.
Publications related to women’s and maternal health with Wixárika communities by the author of this exhibition
Gamlin, Jennie B. (2013)
Shame as a barrier to health seeking among indigenous Huichol migrant labourers: An interpretive approach of the “violence continuum” and “authoritative knowledge”
Social Science and Medicine 97 75-81
Gamlin, Jennie B. (2023)
Wixárika Practices of Medical Syncretism: An Ontological Proposal for Health in the Anthropocene
Medical Anthropology Theory 10 (2) 1-26
Gamlin, Jennie B. (2020)
“You see, we women, we can’t talk, we can’t have an opinion…”. The coloniality of gender and childbirth practices in Indigenous Wixárika families
Social Science and Medicine 252, 112912
Jennie Gamlin and David Osrin (2020)
Preventable infant deaths, lone births and lack of registration in Mexican indigenous communities: health care services and the afterlife of colonialism
Ethnicity and Health 25 (7)
Jennie Gamlin and Seth Holmes (2018)
Preventable perinatal deaths in indigenous Wixárika communities: an ethnographic study of pregnancy, childbirth and structural violence BMC
Pregnancy and Childbirth 18 (Article number 243) 2018
Gamlin, Jennie B. and Sarah J Hawkes (2015)
Pregnancy and birth in an Indigenous Huichol community: from structural violence to structural policy responses
Culture, health and sexuality 17 (1)
Publicaciones relacionadas a mujeres y salud materna con comunidades wixárika, por la autora de esta exhibición
Gamlin, Jennie B. (2013)
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Gamlin, Jennie B. (2023)
Wixárika Practices of Medical Syncretism: An Ontological Proposal for Health in the Anthropocene
Medical Anthropology Theory 10 (2) 1-26
Gamlin, Jennie B. (2020)
“You see, we women, we can’t talk, we can’t have an opinion…”. The coloniality of gender and childbirth practices in Indigenous Wixárika families
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